segunda-feira, 16 de maio de 2011

livra tá um silêncio...

um dia estava só no mar... tinha acordado cedo, muito cedo. A body ficou a dormir não apetecia ir apanhar uma ondas. A família essência também não estava para ai virada, uns nada disseram e outros declinaram o convite. Fui sozinho, com frio de inverno.

O sol tinha acabado de abrir a pestana, quando passava a ponte. Olhei o Tejo e estava um espelho de silêncio, negro. Mafalda Veiga calou a solidão que tinha como companheira de viagem, quando começou a cantar Imortais. Lembrei-me dos meus filhos, em especial da minha filha por ser esta a nossa canção, e lembrei-me dos meus amigos, que gostava que fossem imortais.

Silêncio no fim da canção, de novo.

Segui em direcção ao mar, em direcção à costa.

Pouca gente no parque de estacionamento dos pontões, embrulhados nas toalhas, sweats como armaduras, uns chegavam e outros subiam as rampas para ver as ondas e decidirem o que faziam naquele frio. Poucas ondas nesse dia, poucos surfistas também.

Vesti o fato, tinha necessidade de apanhar uma onda, por muito pequeno que tivesse, haveria de ter a minha onda do dia. Mais que a onda tinha de estar só, de pensar de sentir o frio e o mar a passar por mim num duck dive. Tocar o sal com a ponta da língua.

Entrei.

Remei, remei, set de ondas pequenas, pensei, mas a minha onda estaria por aparecer, acreditava nisso.

Um pouco depois parei, sentei-me. Não tinha ninguém perto de mim. Na praia algumas pessoas caminhavam ou estavam sentadas na areia. Os pescadores lançavam a linha na busca de uma noticia boa para o seu dia de horas lentas. Ciclistas passavam no seu ritmo musicado de grupo de amigos. Uns caminhanheiros da manhâ paravam e olhavam a imensidão de paz azul que se estendia nesse dia.

eu só, e nem um som à minha volta, nada. nao ouvia simplesmete nada.

Sinto falta da minha família, da risada e das maluqueiras de nós todos. No fundo falta-me a minha onda que senti nesse dia não ia aparecer mesmo.

livra tá um silêncio...



(dedico a toda família essência estas letras, gostava de ter a minha onda de novo...)

acabei de ler um livro sobre a amizade e que gostei muito, quem gostar de ler aconselho

"as velas ardem até ao fim", de Sandor Marai